Newtonsan on Nostr: ### **Análise Marxista dos Exércitos Privados e Mercenários no Mundo e no Brasil** ...
### **Análise Marxista dos Exércitos Privados e Mercenários no Mundo e no Brasil**
#### **1. Contextualização Histórica e Materialista**
Os exércitos privados e mercenários são uma manifestação histórica da **commodification da violência** sob o capitalismo. Desde a expansão colonial europeia até as guerras por recursos no século XXI, a violência foi transformada em mercadoria, vendida ao melhor licitante. Para Marx, o capitalismo não apenas mercantiliza bens e trabalho, mas também **instrumentaliza o poder coercitivo do Estado** para proteger interesses de classe. No neoliberalismo, esse poder é terceirizado para corporações privadas, aprofundando a fusão entre capital e violência.
---
#### **2. Principais Exércitos Privados e Mercenários Globais (Top 5)**
**(Base Material: Imperialismo e Acumulação de Capital)**
1. **Grupo Wagner (Rússia)**
- **Atuação:** Síria, Ucrânia, África (Mali, República Centro-Africana).
- **Interesses:** Proteção de oligarcas russos, extração de recursos (ouro, diamantes), expansão da influência geopolítica de Moscou.
- **Análise Marxista:** Ferramenta do capitalismo de Estado russo para contornar sanções e garantir acumulação primitiva em regiões periféricas.
2. **Academi (EUA, ex-Blackwater)**
- **Atuação:** Iraque, Afeganistão, África.
- **Interesses:** Proteção de infraestrutura petrolífera (Exxon, Chevron), treinamento de forças pró-EUA.
- **Análise Marxista:** Braço paramilitar do complexo industrial-militar estadunidense, garantindo a hegemonia do capital imperialista.
3. **G4S (Reino Unido)**
- **Atuação:** Global (presença em 90 países).
- **Interesses:** Segurança privada para corporações, prisões privatizadas, supressão de protestos.
- **Análise Marxista:** Exemplo da **privatização do aparato repressivo do Estado**, convertendo direitos sociais em lucro.
4. **DynCorp (EUA)**
- **Atuação:** América Latina, Oriente Médio.
- **Interesses:** "Guerra às drogas", treinamento de esquadrões da morte na Colômbia e Honduras.
- **Análise Marxista:** Reprodução do **fascismo social** para eliminar resistências populares à exploração de recursos.
5. **Sandline International (Reino Unido, extinta)**
- **Atuação:** Papua Nova Guiné, Serra Leoa.
- **Interesses:** Mineração (ouro, diamantes de sangue).
- **Análise Marxista:** "Acumulação por despossessão" (David Harvey), onde a violência mercenária expropria territórios tradicionais.
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#### **3. Brasil: Mercenarismo e Violência de Classe**
**(Base Material: Capitalismo Periférico e Dependência)**
- **Falsa Ausência de Mercenários?**
O Brasil não possui PMCs (Private Military Companies) de escala global, mas **a violência privada é estrutural**:
- **Milícias Urbanas:** Controlam 57% do Rio de Janeiro (segundo o ISP). Atuam como braço armado do capital imobiliário e do tráfico, eliminando favelados que resistem à gentrificação.
- **Segurança Privada Rural:** Empresas como **Prosegur** e **Grupo Segurança** protegem latifúndios, muitas vezes envolvidas em massacres (e.g., Eldorado dos Carajás).
- **PMCs Estrangeiras na Amazônia:** Empresas canadenses (Belo Sun) e estadunidenses contratam seguranças privados para expulsar indígenas e quilombolas de áreas de mineração.
- **Conexão Imperialista:**
A **Brasilsec** e **Grupo Águia** (segurança privada) são subsidiárias de multinacionais europeias. Seus lucros repatriados reforçam a dependência neocolonial.
---
#### **4. A Função de Classe dos Mercenários na Teoria Marxista**
- **Reprodução da Violência Sistêmica:**
Para Marx, o Estado é um "comitê executivo da burguesia". PMCs são uma extensão **privatizada** desse comitê, permitindo que o capital:
1. **Externalize Custos:** Evita responsabilidade por crimes de guerra (e.g., Blackwater no Iraque).
2. **Desmobilize a Classe Trabalhadora:** Substitui soldados públicos (com direitos trabalhistas) por mercenários precarizados.
3. **Monopolize a Coerção:** Garante que apenas o capital tenha acesso à violência organizada.
- **Superexploração do Mercenário:**
Recrutados entre veteranos desempregados e pobres do Sul Global, mercenários são **proletários da violência**. Sua mão de obra é alienada, vendendo sua capacidade de matar por salários que não refletem o risco (e.g., nepaleses no Grupo Wagner).
---
#### **5. Conclusão: A Luta Contra o Capital Mercenário**
A abolição dos exércitos privados exige:
- **Reestatização da Violência:** Monopólio público da coerção, sob controle popular.
- **Desmantelamento do Imperialismo:** Fim da extração neocolonial de recursos que alimenta as PMCs.
- **Revolução Proletária:** Como escreveu Engels, "o primeiro ato do Estado proletário é abolir o exército permanente e substituí-lo pelo povo em armas".
No Brasil, isso significa **expropriar latifúndios**, **democratizar as forças armadas**, e **criminalizar milícias e segurança privada rural**. A luta contra os mercenários é a luta contra o capital!
**Fontes Recomendadas:**
- Marx: *A Guerra Civil na França* (sobre a Comuna de Paris e a militarização).
- Rosa Luxemburgo: *A Acumulação do Capital* (imperialismo e violência).
- Vijay Prashad: *The Darker Nations* (neocolonialismo e mercenários no Sul Global).
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Principais Exércitos Privados e Mercenários Globais (Top 5)**\n**(Base Material: Imperialismo e Acumulação de Capital)**\n\n1. **Grupo Wagner (Rússia)** \n - **Atuação:** Síria, Ucrânia, África (Mali, República Centro-Africana). \n - **Interesses:** Proteção de oligarcas russos, extração de recursos (ouro, diamantes), expansão da influência geopolítica de Moscou. \n - **Análise Marxista:** Ferramenta do capitalismo de Estado russo para contornar sanções e garantir acumulação primitiva em regiões periféricas. \n\n2. **Academi (EUA, ex-Blackwater)** \n - **Atuação:** Iraque, Afeganistão, África. \n - **Interesses:** Proteção de infraestrutura petrolífera (Exxon, Chevron), treinamento de forças pró-EUA. \n - **Análise Marxista:** Braço paramilitar do complexo industrial-militar estadunidense, garantindo a hegemonia do capital imperialista. \n\n3. **G4S (Reino Unido)** \n - **Atuação:** Global (presença em 90 países). \n - **Interesses:** Segurança privada para corporações, prisões privatizadas, supressão de protestos. \n - **Análise Marxista:** Exemplo da **privatização do aparato repressivo do Estado**, convertendo direitos sociais em lucro. \n\n4. **DynCorp (EUA)** \n - **Atuação:** América Latina, Oriente Médio. \n - **Interesses:** \"Guerra às drogas\", treinamento de esquadrões da morte na Colômbia e Honduras. \n - **Análise Marxista:** Reprodução do **fascismo social** para eliminar resistências populares à exploração de recursos. \n\n5. **Sandline International (Reino Unido, extinta)** \n - **Atuação:** Papua Nova Guiné, Serra Leoa. \n - **Interesses:** Mineração (ouro, diamantes de sangue). \n - **Análise Marxista:** \"Acumulação por despossessão\" (David Harvey), onde a violência mercenária expropria territórios tradicionais. \n\n---\n\n#### **3. Brasil: Mercenarismo e Violência de Classe**\n**(Base Material: Capitalismo Periférico e Dependência)**\n\n- **Falsa Ausência de Mercenários?** \n O Brasil não possui PMCs (Private Military Companies) de escala global, mas **a violência privada é estrutural**: \n - **Milícias Urbanas:** Controlam 57% do Rio de Janeiro (segundo o ISP). Atuam como braço armado do capital imobiliário e do tráfico, eliminando favelados que resistem à gentrificação. \n - **Segurança Privada Rural:** Empresas como **Prosegur** e **Grupo Segurança** protegem latifúndios, muitas vezes envolvidas em massacres (e.g., Eldorado dos Carajás). \n - **PMCs Estrangeiras na Amazônia:** Empresas canadenses (Belo Sun) e estadunidenses contratam seguranças privados para expulsar indígenas e quilombolas de áreas de mineração. \n\n- **Conexão Imperialista:** \n A **Brasilsec** e **Grupo Águia** (segurança privada) são subsidiárias de multinacionais europeias. Seus lucros repatriados reforçam a dependência neocolonial. \n\n---\n\n#### **4. A Função de Classe dos Mercenários na Teoria Marxista**\n- **Reprodução da Violência Sistêmica:** \n Para Marx, o Estado é um \"comitê executivo da burguesia\". PMCs são uma extensão **privatizada** desse comitê, permitindo que o capital: \n 1. **Externalize Custos:** Evita responsabilidade por crimes de guerra (e.g., Blackwater no Iraque). \n 2. **Desmobilize a Classe Trabalhadora:** Substitui soldados públicos (com direitos trabalhistas) por mercenários precarizados. \n 3. **Monopolize a Coerção:** Garante que apenas o capital tenha acesso à violência organizada. \n\n- **Superexploração do Mercenário:** \n Recrutados entre veteranos desempregados e pobres do Sul Global, mercenários são **proletários da violência**. Sua mão de obra é alienada, vendendo sua capacidade de matar por salários que não refletem o risco (e.g., nepaleses no Grupo Wagner). \n\n---\n\n#### **5. Conclusão: A Luta Contra o Capital Mercenário**\nA abolição dos exércitos privados exige: \n- **Reestatização da Violência:** Monopólio público da coerção, sob controle popular. \n- **Desmantelamento do Imperialismo:** Fim da extração neocolonial de recursos que alimenta as PMCs. \n- **Revolução Proletária:** Como escreveu Engels, \"o primeiro ato do Estado proletário é abolir o exército permanente e substituí-lo pelo povo em armas\". \n\nNo Brasil, isso significa **expropriar latifúndios**, **democratizar as forças armadas**, e **criminalizar milícias e segurança privada rural**. A luta contra os mercenários é a luta contra o capital! \n\n**Fontes Recomendadas:** \n- Marx: *A Guerra Civil na França* (sobre a Comuna de Paris e a militarização). \n- Rosa Luxemburgo: *A Acumulação do Capital* (imperialismo e violência). \n- Vijay Prashad: *The Darker Nations* (neocolonialismo e mercenários no Sul Global).",
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