Petra Veritatis on Nostr: MEDITAÇÕES PARA O TEMPO COMUM DEPOIS DE PENTECOSTES A VIA UNITIVA 11 DE OUTUBRO A ...
MEDITAÇÕES PARA O TEMPO COMUM DEPOIS DE PENTECOSTES
A VIA UNITIVA
11 DE OUTUBRO
A paz
E a paz de Deus, que está acima de todo o entendimento, guarde os vossos corações e os vossos espíritos em Jesus Cristo (Fl 4, 7).
I. A paz, segundo Santo Agostinho, é a tranquilidade da ordem, e a perturbação da ordem é a destruição da paz. Essa tranquilidade da ordem pode considerar-se de três maneiras, e por isso diz: E a paz de Deus, que está acima de todo o entendimento, guarde os vossos corações e os vossos espíritos.
Primeiro, enquanto reside no princípio da ordem, quer dizer, em Deus. Desta profundidade em que está a paz se deriva esta, primeiramente e com mais perfeição, aos bem-aventurados, nos quais não há perturbação alguma, nem de culpa nem de pena, e conseqüentemente descende até os homens santos. E quanto mais são é alguém, menos padece as perturbações na alma: Gozam muita paz os que amam a tua lei (SI 118, 165), porém é perfeita nos bem-aventurados. Como nosso coração não pode estar ao abrigo de toda perturbação sem a ajuda de Deus, é mister que esta paz a faça Ele; por isso diz: de Deus.
E porque esta consideração da paz em seu princípio, que é Deus, sobrepassa todo entendimento criado, põe-se estas palavras: habita numa luz inacessível (1Tm 6, 16). A paz do céu sobrepassa o entendimento dos anjos, porém a que está nos santos, nesta vida, sobrepassa a todo entendimento humano dos que não têm a graça: Darei ao vencedor maná escondido (Ap 2, 17).
Segundo, assim, pois, esta paz guarde os vossos corações, isto é, vossos afetos, para que em nada os aparteis do bem. Aplica-te com todo o cuidado possível à guarda do teu coração, porque dele é que procede a vida (Pr 4, 23).
Terceiro, igualmente, os vossos espíritos (melhor, inteligências), para que em nada os desvieis da verdade. E isto em Jesus Cristo, cuja caridade preserva o coração do mal, e cuja fé faz preservar a inteligência na verdade.
-In Philip., IV
II. A paz é o bem supremo, como se vê pelo Apóstolo que, ao princípio de suas epístolas, deseja sempre a graça e a paz, dizendo: Graças a vós e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo (Gl 1, 3). A graça é o primeiro dos dons de Deus, porque por ela é justificado o ímpio; porém a paz é o último, o qual se aperfeiçoa na bem-aventurança. Pôs em paz as tuas fronteiras (Sl 147, 14). Então, a paz será perfeita quando a vontade descansar na plenitude de todo bem, alcançando a imunidade de todo mal.
-In Rom., I
Os bens que deseja o Apóstolo são dois: graça e paz, nos quais se incluem todos os bens. O primeiro é a graça, princípio da vida espiritual, à qual se atribui o perdão dos pecados, perdão que é o primeiro passo na vida espiritual, pois ninguém pode estar na verdadeira vida espiritual, se não morre primeiro ao pecado. O segundo bem é a paz, que é o repouso da alma no fim, repouso que, como diz a Glosa, é reconciliação com Deus. E assim, ao desejar o princípio e o fim de todos os bens espirituais, o Apóstolo inclui, como entre dois extremos, o desejo de todo bem que possa sobrevir-lhes. Graça e glória dá o Senhor (Sl 83, 12).
- In Gal., I
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2023-10-12 20:51:07Event JSON
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