pollyanna on Nostr: mais um conto escrito em 2020. eu fico com um pouco de vergonha de compartilhar ...
mais um conto escrito em 2020.
eu fico com um pouco de vergonha de compartilhar porque é uma escrita livre e intuitiva e cheia de lacunas, mas tem sido uma experiência interessante soltar esses textos.
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Esta história começa em alta velocidade. Uma criança descia um morro com o seu trenó. Era inverno e estava tudo branquinho, coberto pela neve.
O menino estava despreocupado se divertindo e, ao mesmo tempo, concentrado em sua direção. Ele passava pelas curvas virando o corpo inteiro e seguia seu caminho veloz.
Em certo momento ele avistou já no final da descida, ao seu lado direito, uma menina encolhida pelo frio. Ele parou seu trenó devagar para não se machucar e não assustá-la, então acabou passando um pouco do lugar onde ela estava.
Deixou o trenó encostado na parede perto de onde tinha parado e foi ao encontro da menina. Ela estava cabisbaixa, numa mistura de vergonha e tristeza.
O menino perguntou o que ela estava fazendo lá sozinha e se precisava de alguma coisa. Ela apenas balançou a cabeça sinalizando “não”, sem dizer mais nada. Nem olhou para ele.
O menino ficou intrigado sem entender nada e resolveu ficar parado ao lado dela um pouco. Ele tinha muita dificuldade de lidar com o silêncio e com a espera, mas achava que precisava ajudar a menina, então permaneceu lá, quieto.
Foi então que apareceu uma moça usando um vestido longo e com semblante tranquilo. A menina a olhou nos olhos e seguiu ao seu lado. A mulher carregava nos braços uma cesta coberta com um pano. O menino ficou curioso para saber o que tinha dentro e foi correndo perguntar.
A moça olhou para ele com um sorriso doce e balançou a cabeça com um sinal negativo. As duas seguiram e o menino ficou muito confuso. Decidiu voltar para casa, já estava ficando tarde.
Ao chegar, preparou seu jantar, comeu e foi para a cama pensativo. Não conseguiu dormir tentando desvendar quem seriam aquelas duas estranhas com quem se encontrara.
Amanheceu, o menino preparou seu café e saiu novamente. Ele entregava jornais nas casas das pessoas e sempre lhes deixava um pequeno presente.
Quando passou de novo por aquele lugar, a menina estava lá, parada, esperando. Dessa vez não tinha mais um semblante envergonhado e triste. Estava tranquila, olhando para frente.
O menino resolveu parar mais uma vez. Andou até a menina e lhe desejou um bom dia. A menina olhou para ele e sorriu. Ele perguntou, então, o que ela fazia ali e quem era aquela moça com quem saíra no dia anterior.
A menina olhou com carinho para ele, mas balançou a cabeça como quem diz “não”.
O menino ficou muito confuso e resolveu esperar pela mulher. Quando ela chegou, lhe fez muitas perguntas. Foi olhado com amor, mas não ouviu uma palavra. Ela apenas fez “não” com a cabeça.
O menino foi embora frustrado. Chegou em casa e não jantou, foi direto para cama. Chorou muito. Sentia uma tristeza profunda que ele nem sabia que tinha. Acabou dormindo e sonhou e que estava em um lugar com muitas pessoas, todas em harmonia e felicidade. Parecia ser uma família.
Quando acordou, estava acompanhado apenas da tristeza. Tomou seu café e saiu.
Quando começou a fazer o seu percurso, reparou que em cada casa havia uma caixa com seu nome. Preocupado em fazer seus deveres e ajudar as pessoas o mais rápido possível, ele nunca as tinha percebido. Ele pegou cada caixa e viu que dentro estavam depositados vários bilhetes com palavras de agradecimento e carinho. As pessoas lhe escreviam contando como suas vidas eram iluminadas pela dele.
O menino ficou muito emocionado e seguiu o seu caminho, até que encontrou a menina. Ela estava sorrindo, vendo os pássaros voando, sentindo o vento em sua pele.
Ele se aproximou da garota e começou a contar-lhe tudo o que acontecera e como se sentia. A menina lhe deu um abraço e disse, sem que ele perguntasse, que a mulher era sua mãe e ela a esperava todos os dias para que voltassem juntas para casa. Seguiu dizendo: “eu às vezes ficava triste porque eu sempre quisera um irmão e não tive, mas não demorava a ficar feliz, afinal tenho a companhia da minha mãe.” O menino a ouviu atento e com o coração cheio de amor.
A mãe da menina logo chegou e, encontrando os dois, mostrou o que havia na cesta: eram três pães. Não precisou dizer mais nada. O menino pegou seu trenó e os três foram embora juntos, em passos lentos.
Published at
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