Why Nostr? What is Njump?
2025-03-07 18:23:32
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Newtonsan on Nostr: **Análise Marxista do Filme *Limitless* (2011)** ### **1. Produção e Indústria ...

**Análise Marxista do Filme *Limitless* (2011)**

### **1. Produção e Indústria Cultural**
*Limitless* é um produto típico da indústria cultural capitalista, moldado para maximizar lucros através de fórmulas narrativas acessíveis. Com um orçamento modesto (US$ 27 milhões) e uma receita global significativa (US$ 161 milhões), o filme prioriza o entretenimento espetaculoso sobre a crítica estrutural. A escolha de Bradley Cooper, uma estrela consolidada, reforça o *star system* como ferramenta de alienação, transformando atores em commodities que garantem retorno financeiro. A narrativa, embora explore temas como ambição e poder, evita questionar as bases do sistema capitalista, optando por um thriller convencional que glorifica o individualismo.

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### **2. Luta de Classes e Exploração**
A trama reflete dinâmicas de classe e exploração:
- **Eddie Morra (Bradley Cooper):** Inicialmente um proletário intelectual (escritor falido), sua ascensão à elite financeira via NZT-48 simboliza a **mobilidade social ilusória** sob o capitalismo. Sua transformação depende não de mérito coletivo, mas de um recurso controlado (a droga), metaforizando o acesso privilegiado a capital e tecnologia.
- **Carl Van Loon (Robert De Niro):** Representa a burguesia financeira, que co-opta Eddie para manter o *status quo*. A oferta de Van Loon — droga em troca de apoio político — ilustra a **aliança entre capital e poder**, onde a elite mantém controle sobre recursos estratégicos.
- **Gennady (Andrew Howard):** O agiota russo personifica a **violência estrutural do capitalismo**, usando dívida e coerção física como ferramentas de exploração. Sua obsessão pela NZT-48 reflete a alienação do trabalhador, reduzido a consumir produtos para escapar da precariedade.

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### **3. Mercantilização do Conhecimento e do Corpo**
A NZT-48, droga que amplia capacidades cognitivas, simboliza a **mercantilização do conhecimento e do corpo humano** sob o capitalismo. Seu controle por redes criminosas e corporações revela como a ciência é apropriada para gerar lucro, não para o bem comum. Eddie, ao se tornar dependente da droga, encarna a **alienação do trabalhador intelectual**, cujo valor é medido por produtividade, não por criatividade autêntica. Sua otimização de dosagens parodia a **autoexploração neoliberal**, onde o indivíduo é responsabilizado por seu sucesso ou fracasso.

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### **4. Crítica à Ideologia do "Potencial Ilimitado"**
O filme desmascara a falácia do "potencial humano infinito", propagada pelo capitalismo para justificar a exploração:
- **Ascensão:** Eddie torna-se um gênio financeiro, expondo a **concentração de poder** nas mãos de poucos.
- **Queda:** Os efeitos colaterais da droga (perda de identidade, violência) simbolizam o **custo humano do progresso capitalista**, onde o sucesso individual vem à custa da saúde coletiva.
- **Resolução:** Eddie "perfecciona" a droga e torna-se político, **reproduzindo o sistema** ao integrar-se à elite que antes o explorava.

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### **5. Alienação e Fetichismo da Mercadoria**
A NZT-48 opera como um **fetiche da mercadoria**: atribui-se poder mágico a um objeto, obscurecendo as relações sociais de produção. A droga é tratada como solução individual para problemas sistêmicos, desviando a atenção da necessidade de mudança coletiva. Eddie, ao idolatrá-la, personifica o **trabalhador alienado**, que busca salvação em consumo e performance, não em solidariedade de classe.

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### **6. Contradições e Reforço Ideológico**
Apesar de aparentemente crítico, *Limitless* reforça ideologias dominantes:
- **Individualismo:** A salvação de Eddie é solitária, sem questionamento coletivo do sistema.
- **Tecno-utopia:** A crença de que a ciência resolverá contradições sociais ignora a luta de classes.
- **Mito do Self-Made Man:** Eddie é glorificado como "gênio autodidata", apagando o papel do acaso e da exploração alheia.

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### **Conclusão**
*Limitless* é um espelho ambíguo do capitalismo tardio. Expõe falácias como a meritocracia e a alienação do trabalho intelectual, mas recai em narrativas individualistas e tecnocráticas. Sob uma ótica marxista, o filme falha em propor alternativas revolucionárias, limitando-se a uma crítica superficial que, no fim, legitima a ordem vigente. Sua popularidade, contudo, revela um desejo subjacente por histórias que questionem os limites impostos pelo capitalismo — mesmo que de forma incompleta.
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