Petra Veritatis on Nostr: MEDITAÇÕES PARA O TEMPO COMUM DEPOIS DE PENTECOSTES A VIA UNITIVA 30 DE OUTUBRO Os ...
MEDITAÇÕES PARA O TEMPO COMUM DEPOIS DE PENTECOSTES
A VIA UNITIVA
30 DE OUTUBRO
Os conselhos evangélicos
Com os bons conselhos do amigo se banha a alma em doçura (Pr 27, 9).
Porque o melhor para o homem é unir-se com sua alma a Deus e às coisas divinas; porém é impossível que o homem que se ocupa intensamente em coisas diversas, possa com bastante liberdade de espírito tender para Deus. Por isso, na lei cristã se dão os conselhos evangélicos, pelos quais os homens se apartam, o quanto possível, das ocupações da vida presente.
A solicitude humana se dirige comumente a três coisas: à própria pessoa, ao que fará e onde viverá; às pessoas que estão mais próximas, como a esposa e os filhos; e a procurar as coisas exteriores, das quais necessita o homem para sustentar sua vida. Assim, pois, para desarraigar do homem a preocupação pelas coisas exteriores a lei divina deu o conselho da pobreza, a fim de que se desembarace das coisas deste mundo, cuja solicitude pode conturbar a alma. Por isso diz o Senhor: se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me (Mt 19, 21). Para cortar a preocupação da esposa e dos filhos, dá-se ao homem o conselho da virgindade ou continência. Quanto, porém, às virgens, não tenho mandamento do Senhor, mas dou conselho (1 Cor 7, 25). Para cortar a solicitude do homem sobre si mesmo, dá-se o conselho da obediência, pela qual o homem confia ao superior a ordenação de seus atos: Obedecei aos vossos superiores e sede-lhes sujeitos, porque velam pelas vossas almas, como quem há de dar conta delas (Hb 13, 17).
Mas, porque a suma perfeição da vida humana consiste em que a alma do homem se ocupe de Deus, esses três conselhos parecem dispor, sobretudo, a dita dedicação, e também parecem pertencer convenientemente ao estado de perfeição; não como perfeições em si mesmas, senão como disposições à perfeição; a qual consiste em que o homem se ocupe de Deus. Podem também (os conselhos) chamar-se efeitos e sinais de perfeição. Se o espírito do homem é atacado com veemência pelo amor e pelo desejo de alguma coisa, resulta compreensível que despreze tudo em favor de outras coisas. Daqui provém que, quando o homem é levado com fervor às coisas divinas, pelo amor e pelo desejo, o qual evidentemente consiste na perfeição, é lógico que recai de si tudo o que pode retardar seu encontro com Deus, quer dizer, não somente o afa pelos negócios do mundo e o afeto à esposa e aos filhos, senão também a si mesmo.
Sendo os três conselhos mencionados disposições para a perfeição, e também efeitos e sinais dela, diz-se convenientemente que estão em estado de perfeição os que desses conselhos fazem voto a Deus. Porém a perfeição, à que os conselhos dispõem, reside na ocupação da alma em Deus. Por isso se chamam religiosos os que professam ditos conselhos; como se se dedicassem a si mesmos e suas coisas a Deus à guisa de sacrifício; seus bens, pela pobreza, o corpo pela continência, e a vontade, pela obediência. Assim, pois, a religião consiste no culto divino.
- Contra Gentiles, l. III, c. 131
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