pollyanna on Nostr: Era uma vez uma coletora de lágrimas que passava o dia inteiro coletando as águas ...
Era uma vez uma coletora de lágrimas que passava o dia inteiro coletando as águas caídas dos olhos de quem chorava, fosse de tristeza ou alegria.
Ela pegava seus baldes cheios de emoção e regava as florestas do mundo. Olhava de cima, orgulhosa, contemplando o trabalho que fazia. Nunca tocava aquelas águas e nenhuma lágrima dela saía.
As plantas cresciam belas, mas, de alguma forma, limitadas. Ela começou a se esforçar para provocar mais choro a cada dia, mas a verdade é que, em algum momento, as plantas continuavam parando de se desenvolver, como ela percebia.
Intrigada com tudo isso, sem saber o que fazer, girando de um lado pro outro, do alto de sua vigília, a coletora caiu e, pela primeira vez, sentiu com todo o corpo o chão.
Pela primeira vez sentiu as águas rolarem em seu rosto. Caíram suas primeiras lágrimas. Ao mesmo tempo, águas começaram a cair do céu que se misturavam com as suas.
Ela se uniu às flores e chorou toda tristeza e alegria de sentir. Agora as flores cresciam e se desenvolviam tanto que ela não mais as olhava por cima. Deixou de ser coletora de lágrimas e agora só vivia.
--
este é o segundo conto de uma série de pequenos contos sem revisão que escrevi em 2020
Published at
2024-10-02 23:52:23Event JSON
{
"id": "de28b9b1f7b3cd71ccff72e97fba79116a8fdd7efa387c92c7b98ffe4a357dd9",
"pubkey": "4e088f3087f6a7e7097ce5fe7fd884ec04ddc69ed6cdd37c55e200f7744b1792",
"created_at": 1727913143,
"kind": 1,
"tags": [],
"content": "Era uma vez uma coletora de lágrimas que passava o dia inteiro coletando as águas caídas dos olhos de quem chorava, fosse de tristeza ou alegria.\n\nEla pegava seus baldes cheios de emoção e regava as florestas do mundo. Olhava de cima, orgulhosa, contemplando o trabalho que fazia. Nunca tocava aquelas águas e nenhuma lágrima dela saía.\n\nAs plantas cresciam belas, mas, de alguma forma, limitadas. Ela começou a se esforçar para provocar mais choro a cada dia, mas a verdade é que, em algum momento, as plantas continuavam parando de se desenvolver, como ela percebia.\n\nIntrigada com tudo isso, sem saber o que fazer, girando de um lado pro outro, do alto de sua vigília, a coletora caiu e, pela primeira vez, sentiu com todo o corpo o chão. \n\nPela primeira vez sentiu as águas rolarem em seu rosto. Caíram suas primeiras lágrimas. Ao mesmo tempo, águas começaram a cair do céu que se misturavam com as suas.\n\nEla se uniu às flores e chorou toda tristeza e alegria de sentir. Agora as flores cresciam e se desenvolviam tanto que ela não mais as olhava por cima. Deixou de ser coletora de lágrimas e agora só vivia.\n\n--\n\neste é o segundo conto de uma série de pequenos contos sem revisão que escrevi em 2020",
"sig": "e15cdf1f9e9f36225b321205eac396e6e3b5d344b4a7a8ce2940354701ee737fbe6f0165b747584e8b30fc9f3fe81caf00c6f4d62894588bb95d2a863c6a6ddf"
}