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**Rainha Elizabeth I da Inglaterra: Uma Análise Marxista Completa**
A análise marxista do reinado de Elizabeth I (1558-1603) deve situá-la no contexto da **transição do feudalismo para o capitalismo** na Inglaterra, destacando como suas políticas reforçaram as bases materiais para a acumulação primitiva e a ascensão da burguesia mercantil. Seu governo, embora inserido em estruturas monárquicas feudais, atuou como um **agente catalisador** das transformações econômicas e sociais que pavimentaram o caminho para o capitalismo.
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### **1. Contexto Histórico: A Crise do Feudalismo e a Ascensão Mercantil**
#### **a) Enclosures e acumulação primitiva:**
- **Deslocamento camponês**: Sob os Tudor, o cercamento de terras comunais (para produção de lã) expulsou milhares de camponeses, criando um **exército industrial de reserva** pré-capitalista. Elizabeth I não contestou essa prática, permitindo que a nobreza agrária (*gentry*) e os mercadores acumulassem capital às custas da classe trabalhadora rural.
- **Leis contra vagabundagem**: Estatutos como o *Poor Law* (1601) criminalizaram os despossuídos, forçando-os ao trabalho assalariado nas cidades. Para Marx, isso foi essencial para a **formação do proletariado**.
#### **b) Expansionismo marítimo e colonialismo incipiente:**
- **Corsários e saque colonial**: Elizabeth I financiou expedições de Francis Drake e John Hawkins, que pilharam colônias espanholas, trazendo ouro e escravizados. Esse saque, junto ao tráfico negreiro, injetou capital necessário para a **acumulação primitiva**.
- **Companhias monopolistas**: A criação da *East India Company* (1600) sob seu reinado consolidou o poder mercantil, antecipando o imperialismo capitalista.
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### **2. A Monarquia Tudor como Estado de Transição**
#### **a) Centralização do poder real:**
- **Supremacia sobre a nobreza**: Elizabeth enfraqueceu os senhores feudais, centralizando o Estado para garantir estabilidade ao comércio. A corte real tornou-se um espaço de alianças com a *gentry* e a burguesia emergente.
- **Igreja Anglicana e controle ideológico**: O *Ato de Supremacia* (1559) consolidou a ruptura com o papado, subordinando a religião ao Estado. A Igreja Anglicana, sob controle real, legitimou o poder monárquico e a propriedade privada, servindo aos interesses da **classe mercantil em ascensão**.
#### **b) Patrocínio cultural e superestrutura:**
- **Teatro elisabetano**: Figuras como Shakespeare refletiam, em peças como *"A Mercadoria de Veneza"*, as tensões entre valores feudais e a ética mercantil. A cultura era um **aparelho ideológico** que glorificava a monarquia e o expansionismo.
- **Culto à "Rainha Virgem"**: A imagem de Elizabeth como líder sagrada e mãe da nação mascarava a exploração colonial e a opressão de classe, unificando simbolicamente os interesses da elite.
---
### **3. Contradições e Limites do Governo Elisabetano**
#### **a) A ilusão do "Boa Governança":**
- **Repressão às revoltas populares**: Apesar da relativa estabilidade, o reinado enfrentou rebeliões como a *Rebelião de Kett* (1549), sufocadas para proteger os cercamentos. A "Era de Ouro" foi construída sobre a **miséria camponesa**.
- **Exploração de Irlanda e colônias**: A colonização da Irlanda sob Elizabeth (ex.: massacre de Munster, 1582) antecipou a violência imperialista, expropriando terras e recursos para enriquecer a coroa e seus aliados.
#### **b) Gênero e poder na estrutura feudal:**
- **Patriarcado e exceção monárquica**: Como mulher, Elizabeth negociou o poder em uma sociedade patriarcal usando sua imagem de "virgem" para evitar alianças matrimoniais que ameaçassem sua autoridade. Porém, isso não alterou a **opressão material das mulheres comuns**, subjugadas pela divisão sexual do trabalho e pela propriedade privada.
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### **4. Conclusão: Elizabeth I e as Sementes do Capitalismo**
O reinado de Elizabeth I foi um **ponto de virada** na história inglesa, onde a monarquia feudal, paradoxalmente, acelerou a transição para o capitalismo. Seu apoio ao mercantilismo, à acumulação primitiva e à centralização estatal criou as condições para a Revolução Gloriosa (1688) e a Revolução Industrial. No entanto, como Marx destacou em *"O Capital"*, essa transição foi **sanguinária**:
> *"O capital vem ao mundo pingando sangue e lama por todos os poros, da cabeça aos pés"*.
Elizabeth I personificou a contradição de um regime feudal que, ao servir a si mesmo, serviu aos interesses históricos da burguesia. Sua "Era de Ouro" foi, na verdade, a **infância dourada do capitalismo**, erguida sobre a expropriação de camponeses, a pilhagem colonial e a opressão de classe. Assim, seu legado não é de glória, mas de um **projeto de dominação** que moldou a violência estrutural do sistema capitalista moderno.
Published at
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