Petra Veritatis on Nostr: MEDITAÇÕES PARA O TEMPO COMUM DEPOIS DE PENTECOSTES A VIA UNITIVA 28 DE OUTUBRO A ...
MEDITAÇÕES PARA O TEMPO COMUM DEPOIS DE PENTECOSTES
A VIA UNITIVA
28 DE OUTUBRO
A perfeição de conselho
I. A perfeição que cai sob conselho é aquela que tende à semelhança da perfeição dos bem-aventurados. Diz-se no Deuteronômio: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, com toda a tua força (Dt 6, 5), e São Lucas acrescenta: e com todo o teu entendimento (Lc 10, 27), assim o coração se dirige à intenção, a mente ao pensamento, a alma ao afeto, e a fortaleza à execução. O todo e o perfeito é aquilo ao qual nada falta, por conseguinte, ama-se a Deus de todo coração, alma, fortaleza e mente, quando não nos falta nada em todas essas coisas, senão que tudo se endereça atualmente a Deus; porém este modo de amor perfeito não é próprio dos que vivem neste mundo, senão dos bem-aventurados.
Naquela celestial bem-aventurança o entendimento da criatura racional tende sempre atualmente a Deus, já que a bem-aventurança consiste no gozo de Deus; mas a bem-aventurança não está no hábito, senão no ato. E posto que a criatura racional há de unir-se a Deus, verdade suma, como a fim último; dado que, por outra parte, tudo se ordena pela intenção a esse último fim, ademais, todas as coisas se executam de acordo com Ele, segue-se que naquela perfeita bem-aventurança a criatura racional amará a Deus de todo o coração, já que toda sua intenção a levará a Deus em tudo o que pensa, ama e executa; com todo o teu entendimento, já que este sempre tenderá atualmente a Deus, em uma visão contínua, e julgará tudo conforme com sua verdade; com toda a alma, já que todo seu afeto se dirigirá a amar a Deus continuamente e por Ele a todas as coisas; com toda fortaleza e com todas as forças, já que a razão de todos os atos exteriores será o amor de Deus.
II. Mesmo quando esta perfeição dos bem-aventurados não nos é possível nesta vida, devemos, no entanto, estimular-nos para realizar uma semelhança daquela perfeição, o quanto seja possível. E nisto consiste principalmente a perfeição desta vida, à que nos convidam os conselhos. Porque é evidente que o coração humano é arrastado tanto mais intensamente a uma só coisa, quanto mais se aparta de muitas. Assim, pois, o ânimo do homem tanto mais perfeitamente é levado a amar a Deus, quanto mais se aparte do afeto das coisas temporais. Por isso diz Santo Agostinho que o veneno da caridade é a esperança de alcançar ou reter as coisas temporais; porém seu crescimento é a diminuição da ambição e a perfeição da mesma é carecer de todo desejo delas.
Por conseguinte, todos os conselhos com que somos convidados à perfeição se ordenam a apartar o coração do homem do afeto das coisas temporais, para que possa assim dirigir-se mais livremente a Deus,. contemplando, amando e cumprindo sua vontade.
-De perfectione vitae spir., IV e VI
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