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2024-09-29 01:17:12
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El Nardo II on Nostr: # Cristianismo e Judaísmo são religiões diferentes? #curiosidades #Bíblia ...

# Cristianismo e Judaísmo são religiões diferentes?
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Cristãos e judeus parecem fazer todo o esforço para deixar claro que pertencem a religiões diferentes e evitar serem associados mesmo compartilhando tendo a mesma raiz A Bíblia realmente ensina assim? Jesus veio fundar uma religião nova ou mostrar como realmente viver a fé judaica?

### As Alianças

O principal argumento usado por ambos é a questão da Aliança. Os judeus vivem na fé da Aliança do monte Sinai e os cristãos, da Aliança do monte do Calvário. A visão mais comum é a de contrapôr ambas como contraditórias e autoexcludentes, como se pertencer a uma significasse repudiar a outra. Por isso se convencionou entender os dois grupos como religiões distintas, dois povos, dois rebanhos... Mas esse argumento não resiste ao estudo sobre as Alianças como é apresentado nas Escrituras.

A Bíblia descreve seis Alianças de Deus com o povo, (1) Adâmica, (2) Noéica, (3) Abraâmica, (4) Mosaica, (5) Davídica e (6) Messiânica, em um "pacote" que depois é apresentado como a "Aliança eterna". Esse termo é usado para descrever o Pacto Noéico, Abraâmico e Messiânico. Encontramos referências que sugerem a eternidade do Pacto Davídico também através da promessa do trono eterno.

Mesmo que Deus haja trechos dizendo: "farei com vocês uma Aliança eterna", como que sugerindo que a Aliança eterna ainda será feita no futuro, é preciso considerar a quebra da Aliança por parte do povo, Deus está falando de estabelecer (erguer) futuramente uma Aliança quebrada (caída). É totalmente compatível com a interpretação de uma Aliança única e eterna que só estava sendo reafirmada e ampliada de tempos em tempos, sem qualquer evidência de autoexclusão entre uma e outra, mas de manter e aprimorar ao invés de excluir e mudar.

A teologia da continuidade cumulativa e simultânea das Alianças está sempre presente nas Escrituras. A Aliança feita com Adão persiste até hoje, com a missão de cultivar e proteger a criação de Deus, de encher o mundo através da honra do aliança matrimonial que foi estabelecida ainda no Éden, no chamado idealístico (não como mandamento) à dieta do Éden que traz maiores benefícios, da hierarquia familiar do homem como cabeça, do trabalho para viver e, sobretudo, da promessa da inimizade contra o mal, simbolizado pela serpente e a promessa, parcialmente cumprida da vinda do Descendente da mulher, Jesus, que foi ferido no calcanhar, mas está para esmagar a cabeça da serpente, assim também com a de Noé, de não destruir o mundo por água, e assim vai até a Aliança do Davídica.

Mas e a Nova Aliança? A Antiga não ficou para trás? Mas a qual Aliança Antiga estaria se referindo? Geralmente esse termo diz respeito à Aliança Mosaica, mas ignoram que Deus fez uma Nova Aliança com Davi que tornou-se simultânea a de Moisés, inclusive uma das cláusulas era que o Rei deveria ser fiel à Aliança Mosaica para que a Aliança Davídica fosse um sucesso. Mas vamos entender isso melhor com respeito à Nova Aliança.

### "Nova" Aliança

A semântica da palavra "Nova" faz toda a diferença. Existem pelo menos duas maneiras de descrever algo novo na língua grega, a que foi usada nos evangelhos e nas cartas do Novo Testamento: (1) Neo: Absolutamente novo, algo diferente, recém criado, um exemplo é quando se cria uma nova palavra em certo idioma e chamam de neologismo, e (2) Kainós: uma nova coisa já existente. A seguradora trocou um carro usado que deu perda total num a acidente por outro idêntico, as pessoas poderiam dizer que está com um novo carro mesmo sendo usado, mas não no mesmo sentido, é por conta comparação ao outro.

Qual palavra Jesus e os apóstolos usavam? Acertou se disse Kainós. E olha que eles poderiam ter usado neo, se quisessem. Por isso poderíamos traduzir melhor como Aliança Renovada.

Seria desonestidade intelectual dizer que nada mudou com a Nova Aliança, assim como nas anteriores também, mas a maioria das mudanças já estavam mesmo já sendo aplicadas.

Boa parte dos judeus já estavam vivendo na diáspora, espalhados entre varias nações, e já estavam vivendo seu judaísmo como um cristão viveria, pois o chamado da Nova Aliança é atingir o mundo todo, ir até os confins da Terra e não esperar que as pessoas passem por Israel. Também os estatutos romanos impediam que os judeus pudessem aplicar toda a Lei da Teocracia Judaica, como aplicar pena de morte sem a autorização romana e muitos pecados passíveis de morte eram negados por Roma.

Então os judeus já estavam vivendo num clima da realidade da Nova Aliança, em certo sentido, pois parte da mudança foi revogar a teocracia judaica com todas as leis penais atreladas à sua jurisdição. Para ficar claro, os mandamentos só diziam respeito aos israelitas e a terra de Israel e eles não poderiam sair matando pessoas de outras nações baseadas em sua lei, a menos que estivessem em seu território. Isso foi abolido junto com a rejeição do Estado judaico, porque agora o poder real (de realeza, monarquia) vêm do Céu, do trono de Cristo à destra do Pai e os limites do reino são espirituais e não mais demarcados em terra.

Também o templo mudou de lugar, na verdade não mudou, Deus apenas fez com que o povo olhasse para o verdadeiro templo no Céu, templo esse que já Moisés viu no monte e Deus mandou que o tabernáculo judaico, a tenda de Deus entre o povo, que depois virou templo, fosse feito de acordo com o modelo original que Moisés viu. Os salmos também falam do templo no Céu, isso não é novidade da "Nova" Aliança. O sacerdócio também mudou, agora Jesus é o Sumo Sacerdote, o único mediador entre Deus e Seu povo, outra vez nenhuma novidade, pois Deus já havia prometido nos salmos um Rei e Sacerdote eterno e simplesmente estava se cumprindo os detalhes da Aliança Davídica.

"Ah mas e a graça? Todo mundo era justificado pelas obras da Lei!" O termo "graça" já aparece em Gênesis na história que fala sobre Deus ter poupado a vida de Noé, mas seu conceito já vem do Éden e ainda antes da queda, o que os teólogos chamam de "graça comum", pois Adão e Eva perfeitos não tinham feito nada para merecer a vida abençoada que Deus lhes deu, foi bondade e graça, Deus não estava pagando uma dívida para com eles. Nunca foi pela Lei e nem pelas obras, até nas instruções de sacrifícios para ser perdoado uma verdade sempre foi clara "Eu perdoarei o pecado", quem "perdoa o pecado e esquece da transgressão (...) lança os pecados nas profundezas do mar"? Os animais mortos? Inclusive Deus poderia não aceitar os sacrifícios e Ele já fez isso muitas vezes e o cumprimento das regras não tinha qualquer valor. "De que me vale a multidão de seus sacrifícios?" Deus mostrou sempre que queria intimidade, misericórdia, justiça e coração contrito, coisas que ele ainda exige na Nova Aliança e, da mesma forma como não é meio de salvação hoje, também não foi naquela época. A temática sobre Lei e graça é tema para outra curiosidade bíblica.

Então peguemos os pontos fortes da Nova Aliança e comparemos com as outras Alianças;

• **Salvação pela graça** - sempre foi assim em todas as Alianças.

• **Vida pela fé** - Sempre foi assim desde o Éden, Deus sempre inspirou fé no homem, sem vê-Lo em ação, o homem realmente cria que Deus é o Criador. Ele sequer permitiu que Adão visse a criação de Eva, só aceitasse por fé, porque a fé sempre agradou a Deus, e sempre foi necessário que todos que se aproximassem dEle cressem que Ele existe e é recompensador dos que os buscam. Não foi assim que Abraão "saiu sem saber pra onde ia" e Moisés "ficou firme como vendo o invisível"? Eles já viviam pela fé naquela época e não pela vista.

• **Justificação pela fé** - Pura teologia da Aliança Abraâmica. Está escrito que Abraão foi justificado pela fé, porque "a fé lhe foi imputada como justiça", mas Jesus e o autor de Hebreus chamam Abel de justo, como foi que a justiça foi imputada a ele? Certamente Abel foi justificado pela fé em Deus, a sua obedientes era só resultado e não era requisito de justificação, como também os signatários da Nova Aliança também precisam obedecer e não há contradição alguma com a fé.

• **Circuncisão do coração** - Deus aboliu a circuncisão, não, desde o princípio Ele disse que a circuncisão primeiro acontece no coração feita pelas mãos de Deus. Tanto na Antiga como no Nova Aliança, Deus chama os circuncisos físicos de incircuncisos de coração, se eles não forem fieis sofrerão a morte dos incircuncisos. A Lei da circuncisão era para garantir a higiene e integridade das genitálias para que a promessa da Aliança Abraâmica de multiplicar o povo pudesse acontecer, quem se circuncidava ou fazia isso com seus filhos estava declarando fé nessa promessa. Como a circuncisão é uma marca que simboliza a fé, mais precisamente a justificação através dela, o que é necessário mesmo é ter fé.

• **Santidade** - Tudo o que é santo pertence a Deus e ai de quem nele tocar, como Uzá tocou no santo propiciatório. O dízimo, o sábado, o nosso corpo e nossa congregação são santos ao Senhor. Não devemos profaná-los.

• **Dez mandamentos** - Jesus, Paulo, Tiago e João escreveram sobre os mandamentos de Deus. "Se Me amam, guardem meus mandamentos", "nisto consiste o amor, que guardemos Seus mandamentos", "aquele que diz que O conhece e não guarda seus mandamentos é mentiroso", "se queres entrar na vida, guarde os mandamentos", "a Lei é boa e o mandamento é santo, justo e bom". "Mas os mandamentos de Jesus não são dez, são só dois!* "Amar a Deus de todo o coração, forças, poder, mente" e "amar ao próximo como a si mesmo" já era um mandamentos da Aliança Mosaica e nem por isso os judeus estavam desobrigados de cumprir os dez mandamentos. Jesus até mostrou que os mandamentos são mais profundos do que parecem e que para adulterar basta uma intenção, para matar basta odiar, se irar. Ele veio realmente integrar os mandamentos ao coração dos Seus discípulos.

• **Batismo e Ceia** - As duas cerimônias de memorial. O batismo lembra a ressurreição de Jesus, é o único memorial bíblico desse evento que Deus ordenou que a igreja guardasse, não guardar o domingo. É também o rito de iniciação no caminho de Deus, precisa ser uma decisão consciente e por imersão, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. E a ceia é o memorial da morte de Cristo, a reconsagração da vida espiritual na comunhão no sangue e corpo de Jesus.. Os cerimoniais judaicos ligados ao templo tiveram cumprimento em Jesus; a páscoa na sua morte e nossa libertação individual, a do movimento do molho em ascensão de Jssus apresentando parte da seara dos mortos, a festa das primícias no pentecostes na primeira colheita cristã, o dia da Expiação está em andamento como o processo de conferir perdão, e assim vai...

• **Evangelho** - A história de Jesus é o Evangelho e dá a impressão que o Evangelho é exclusivo da Nova Aliança. Mas as boas novas é um termo usado por Isaías. Paulo mesmo diz que "Deus anunciou o evangelho primeiro a Abraão", mas vejo também as boas novas no Éden, anunciadas a Adão sobre o Descendente da mulher. João relata na visão que Deus lhe deu que "o Evangelho [é] Eterno" ou seja, o mesmo evangelho de Adão é o de Cristo, só foi revelado gradativamente.

• **Trindade** - Os judeus tem dificuldades de aceitar monoteísmo trinitário, mesmo que ele já esteja presente na Aliança Abraâmica e Mosaica. Jesus é apresentado como o Anjo da Aliança, foi para esse Anjo que Abraão entregou seu filho Isaque, foi esse Anjo que estava a sarça e foi Ele que apareceu em Boquim depois da morte de Josué para dizer: "Não invalidarei a Minha Aliança convosco", deixando claro que a Aliança foi feita com o Anjo. Esse Anjo poderia ser adorado e é chamado de Deus e Jeová. O Espírito Santo aparece nos salmos e no Genesis envolvido na obra de criação: "O Céu e [...] todo exército foi criado pelo Espírito de Sua boca", segundo Ezequiel, Seu nome é Jeová.

### As seitas judaicas

Para ficar mais claro precisamos voltar ao primeiro século e ver como a religião judaica estava configurada. Ela estava fragmentada em várias seitas (subgrupos, não havia sentido pejorativo no termo); fariseus, saduceus, zelotes, herodianos, essênios, sem falar dos samaritanos.

Cada um tinha sua visão particular sobre as Escrituras, e geralmente entravam em discussão. Jesus tinha um apóstolo zelote, teve pelo menos três seguidores fariseus, e tinha constante embate com eles e os saduceus.

Depois da morte de Jesus e do dia de Pentecostes, os discípulos de Jesus foram crescendo e ficando muito proeminentes na Judeia. Eles começaram a ser conhecidos por todos como seita dos nazarenos ou seita do Caminho. Eles eram considerados parte do judaísmo, apesar das divergências com o Sinédrio, porém o próprio Sinédrio divergia entre si por conter membros de várias seitas. Aparentemente os discípulos de Jesus não faziam questão de se apartarem dos judeus.

Eles só começaram a ser chamados de cristãos quando trabalhavam em Antioquia e muitos teólogos acreditam que esse título era para soar pejorativo. Nessa época os estrangeiros já integravam a igreja de Cristo e até nesse contexto a ligação com o judaísmo ainda era muito forte.

### O judeu interior

O que Paulo, o apóstolo dos estrangeiros, pensava sobre a igreja de Cristo e o judaísmo? Ele seria o pessoa mais isenta para falar, porque seu público era majoritariamente estrangeiro.

Quando ele escreveu aos romanos deixou claro a ligação da igreja com o judaísmo, ensinando que "o judeu é interior", mesmo que a pessoa seja estrangeira de nascimento, não tenha o sangue de Abraão nem seja circuncidada, ela pode ser uma judia espiritual. Completou seu pensando dizendo ainda que nem todos os judeus são judeus, porque negaram a fé.

Os que estão em Cristo são filhos de Abraão, herdeiros da promessa com Isaque e Jacó, por isso não há diferença entre os judeus naturais e os estrangeiros que crêem. Em alguns momentos ele diz que não há judeu, como se agora ninguém mais fosse judeu, mas lembremos que Jesus é judeu e somos um nEle.

Paulo cita um trecho de Isaías falando sobre os israelitas que seriam salvos: somente o remanescente. João também fala isso indiretamente com a profecia sobre o remanescente de Israel, no Apocalipse ele diz que "os que guardam os mandamentos de Deus e tem a fé em Jesus" são o remanescente de Israel.

No fim das contas, todos somos judeus e o Nova Aliança é a Aliança eterna e sempre será mesmo depois da volta de Cristo. A rejeição ao judaísmo, o ódio aos seus integrantes é fruto de má compreensão sobre o Judaísmo e o Cristianismo e do amor que Deus tem por Israel e os planos que Ele ainda tem para a nação. E a aversão dos judeus pelos cristãos é uma dificuldade de crer em tudo o que os profetas disseram. Infelismente também a maioria dos cristãos mostram uma religião incoerente com a Escritura, por isso fica difícil de os judeus enxergarem similaridades.
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