Bora falar de carro que é o que eu entendo e gosto.
A Ferrari anunciou o sucessor da LaFerrari, ela vai se chamar F80 e já levantou polêmicas por conta de algumas escolhas de design e mecânica que fizeram os fãs mais puristas da marca entrarem em parafuso.
A Ferrari F80 em resumo, vai ser o superesportivo mais potente da história da marca, e também o mais eficiente. Diferente do que aparenta pelo design encorpado e largo, esse carro não vai ter um motor V8 ou V12, e sim um V6 3.0 Turbo híbrido. A Ferrari quer redefinir o conceito de supercarro (sim, supercarro) com a F80, e pelo o que parece, isso vai ser uma empreitada bem sucedida.
Mas até que ponto a vontade de inovação tecnológica entra em conflito com a tradição? Em 2013, Ferrari, Porsche e McLaren lançaram carros que foram o estopim para a criação de um novo conceito de carros esportivos, os hipercarros. Os hipercarros são o ápice da tecnologia híbrida, juntando potência, estilo, dirigibilidade e eficiência, Porsche 918 Spyder, McLaren P1 e Ferrari LaFerrari inauguraram o que ficou conhecida como a Santíssima Trindade dos Hipercarros.
Os três veículos juntavam o powertrain elétrico com motores a combustão, Porsche e McLaren com motores V8 turbo, e a Ferrari com um V12 aspirado. Não foi a primeira vez que tivemos uma espécie de "santíssima trindade" no mundo dos carros. Nas décadas de 80/90 tivemos a trinca de supercarros, formados por Porsche 959, Ferrari F40 e McLaren F1, com o Porsche 959 sendo o elo tecnológico da tríade, a Ferrari F40 sendo a máquina para os puristas de pista, e a McLaren F1 sendo o pico da engenharia automobilística, com o projetista chefe do carro, Gordon Murray, usado como inspiração para o design da F1, o esportivo japonês Honda NSX (carro diretamente influenciado pela supervisão de um certo Ayrton Senna da Silva), isso somado a um motor BMW V12 6.1 S70 que produzia mais de 660hp, transformou o McLaren F1 no principal objeto de desejo da santíssima trindade original.
Em 80/90, cada carro representava um tipo de abordagem diferente, em 2013, os três veículos compartilhavam mais semelhanças do que diferenças.
Porém agora com o lançamento da Ferrari F80, e há algumas semanas a revelação da McLaren W1, fica o questionamento, seria essa a nova santíssima trindade, ou uma profaníssima trindade? A McLaren anunciou há pouco mais de 2 semanas, o McLaren W1.
Pra quem entende um pouco mais, é perceptível que o McLaren W1 carece de personalidade quando o quesito é design, o carro realmente se parece com um veículo que você encontra em uma DLC genérica do GTA V Online. Linhas retas em sua maioria, faróis do tipo lâmina, um design que remete levemente ao P1, tudo isso fez eu me perguntar: O carro é impressionante, mas será que dá pra chamar isso de sucessor da McLaren F1?
Sim, é isso que a McLaren quer emplacar com o novo carro, o W1 é o sucessor do F1 lá de 1993. O P1 já era questionado quanto a isso, e o W1 agora está sendo ainda mais questionado por esse objetivo. Alguns chegam a dizer que o verdadeiro sucessor da McLaren F1 é o GMA T50, também projetado por Gordon Murray, com um motor V12 e uma semelhança gritante com o F1 original.
Mas o objeto da discussão é o seguinte, por que as montadoras insistem em resgatar o legado de antigos carros que nada tem a ver com os atuais modelos? Talvez seja marketing, ou talvez seja um apelo ao tradicionalismo dos fãs das marcas. A Ferrari F80 é um carro realmente impressionante, o motor V6 turbo produz 900 cavalos com um deslocamento de apenas 3.0 litros, é como se tivéssemos um motor 2 cilindros 1.0 gerando 300 cavalos, é algo impensável!
Mas será que essa inovação toda e esse choque na forma com que os carros mais inesquecíveis da Ferrari são feitos é realmente necessário? Será que não seria mais prudente lançar um carro como a SF90 Stradale com essa mesma tecnologia e deixar os modelos como a F80 no modo de produção tradicional? Muitos reviewers experientes estão expressando uma certa decepção com a F80, muitos esperavam algo como o Aston Martin Valkyrie, um motor V12 parrudo com mais de 1.000hp, powertrain híbrido e quantidades pornográficas de downforce, mas o que receberam foi quase uma cópia vermelha e amarela do Mercedes AMG One. É como se a Ferrari tivesse feito o F80 por "acidente", o F80 possui todas as características de um hipercarro, mas a Ferrari se refere ao F80 como um supercarro, seria uma estratégia para mascarar o "erro" na concepção do novo modelo da marca?
Eu não sei, mas particularmente gostei. Sou um grande admirador dos carros híbridos, e acredito que os híbridos são o futuro, e não os elétricos.