Hoje li uma matéria da BBC sobre o que está por vir no pós-enchente no Rio Grande do Sul. O artigo abordava três ondas de doenças infecciosas que a população poderá enfrentar, como dengue, leptospirose, hepatite A, diarreia e problemas respiratórios.
Ainda penso sobre como as pessoas vão se reconstruir. Aqui em Minas Gerais, por exemplo, quando a barragem da Vale se rompeu, ficamos sem água, foi um caos. Cidades inteiras ao longo do rio Doce foram afetadas até o Espírito Santo. Na minha região também sofremos, além disso, com vendavais, e a população ribeirinha com enchentes em todos os anos, sendo algumas mais graves que as outras.
Quanto às doenças que vieram após a contaminação ambiental do rio, muitos correram para pegar água em poços e até bicas próximos a esgotos, pois não tinham dinheiro para comprar água mineral, resultando em muitas contaminações. Uma professora da universidade em que trabalhei começou a pesquisar os mosquitos que começaram a aparecer no rio contaminado com rejeitos de minérios e suas implicações na saúde da população.
Quando penso no Rio Grande do Sul, tento entender como essas pessoas vão se reerguer, pois o Estado (governos federal, estadual e municipal) diz que ajuda, mas sabemos como é a coisa pública. Aqui na minha cidade mineira, liberaram milhões para enchentes e o dinheiro simplesmente sumiu. Vereadores e funcionários públicos foram investigados por anos, Ministério Público na cola de todo o mundo, e depois todos foram soltos 🤡.
O resultado é que a população não tem acesso ao dinheiro em situações assim quando mais precisam. Seguindo o mesmo padrão, acredito que o povo do RS terá que se virar sozinho, como já estão fazendo a maioria, com ajuda mais de voluntários que do governo, que não dá conta. Pondero se, no próximo ano, houver outra chuvarada, se o governo terá feito obras a tempo de evitar alagamentos e tragédias ou se tentará passar com um carro de som na rua quando armar chuva, e mandará milhares de pessoas evacuarem suas casas.
Duvido muito que o Estado Brasileiro consiga fazer algo substancial, pois uma simples ponte leva de 4 a 8 anos para ser entregue, imagine melhorar a infraestrutura de dezenas de cidades em menos de 9 meses. Eles nunca conseguem, a gente vê isso todos os dias. O governo é muito burocrático e lento. Esse povo ainda vive trabalhando com o empenho do século 16 para atender às demandas do século 21. Muito atrasado. Força para o Rio Grande do Sul!
Foto: Maurício Toneto/ Governo do RS
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