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2. "Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura": Como uma Guerra entre Dois Exércitos Soviéticos Tende a Favorecer o Lado Mais Forte.
"Se quisermos que a glória e o sucesso acompanhem nossas armas, jamais devemos perder de vista os seguintes fatores: a doutrina, o tempo, o espaço, o comando, a disciplina."
- Sun Tzu
Segundo Tarigami, vários fatores levaram a liderança ucraniana a essa posição crítica. Vamos explorar alguns deles:
2.1 Falta o básico do básico
Quando discutimos recursos de guerra, os principais elementos a serem considerados são equipamentos (em termos de quantidade e qualidade), munição e soldados. Desde o início do conflito, ficou claro que a Rússia tem uma superioridade esmagadora nesses aspectos:
Equipamentos: A Rússia possui dezenas de vezes mais veículos, obuseiros e capacidade industrial que a Ucrânia. Essa disparidade nunca foi um segredo.
Munição pesada (artilharia e bombas guiadas): A Rússia tem milhões de unidades de munição armazenadas desde o período soviético e recebe suporte adicional de aliados como a Coreia do Norte e o Irã, que continuam a fabricar e armazenar mais munição.
Homens: A desvantagem ucraniana se agrava ainda mais quando se trata de tropas. Na melhor das hipóteses, a Rússia tem três vezes mais soldados do que a Ucrânia. A diferença populacional entre os dois países também é muito significativa.
2.2 Republicanos pró-russia e uma europa enfraquecida
Essas desvantagens materiais e numéricas eram conhecidas desde o início. A estratégia ucraniana se baseia em duas vantagens principais: a posição defensiva e o apoio militar estrangeiro. No entanto, esse apoio tem se mostrado insuficiente nos últimos meses. Com as eleições americanas se aproximando e a Europa atrasando a entrega de materiais, além de não conseguir aumentar sua capacidade industrial militar de maneira suficiente, a Ucrânia enfrenta uma escassez crítica de munição, veículos blindados, aviões e sistemas de defesa antiaérea de curto, médio e longo alcance. Equipamentos que o segundo maior país da europa ainda não é, e nem brevemente será autossuficiente.
2.3 "This is a man's world"
O maior problema para o Exército Ucraniano (ZSU), no entanto, é a falta de soldados. Desde o início da invasão em larga escala, a liderança política ucraniana tem evitado uma mobilização geral por razões políticas e logísticas. Isso levou, inclusive, à demissão do antigo comandante-geral Zaluzhny pelo Presidente Zelenskyy, depois que Zaluzhny expressou publicamente suas preocupações sobre a insuficiência de tropas.
Com esses problemas se acumulando há meses, aliados a uma estrutura de comando que muitos soldados consideram insatisfatória e com mentalidade soviética, e ao treinamento e disciplina insuficientes dos novos recrutas, a crise se intensificou nas últimas semanas.
Após a queda da cidade industrial de Avdiivka, que resistia aos russos desde 2014, e com linhas de defesa insuficientes na retaguarda, Pokrovsk se tornou um alvo iminente. Outro problema levantado por Tarigami é a ausência de reservas eficientes para defender Pokrovsk, uma vez que brigadas ucranianas altamente especializadas foram enviadas para incursões na região russa de Kursk, deixando o front vulnerável.
2.4 Mais fogo que bombeiros
Desde o segundo semestre de 2023, a estratégia ucraniana tem sido basicamente reagir a crises, redirecionando a atenção dos russos para outros fronts e usando suas melhores tropas para conter situações críticas. Contudo, essa abordagem não é sustentável a longo prazo, e a situação no front de Pokrovsk reflete essa realidade preocupante.
Nos mapas abaixo, é possível observar a situação crítica no front.
Neste último, as linhas azuis representam as defesas ucranianas, mas sem tropas suficientes para guarnecê-las, elas não passam de trincheiras e casamatas vazias.
Na última parte deste relato, discutiremos o futuro, o que pode ser feito e minhas próprias conclusões.